Posted: 11 Sep 2012 06:41 AM PDT
O Tetragrama Sagrado YHVH ou YHWH (mais usado), (יה-וה, na grafia original, o hebraico), refere-se ao nome do Deus de Israel em forma escrita já transliterada e, pois, latinizada, como de uso corrente na maioria das culturas atuais. A forma da expressão ao declarar o nome de Deus YHVH (ou JHVH na forma latinizada) deixou de ser utilizada há milhares de anos na pronúncia correta do hebraico original (que é declarada como uma língua quase que completamente extinta). As pessoas perderam ao longo das décadas a capacidade de pronunciar de forma satisfatória e correta, pois a língua precisaria se curvar (dobrar) de uma forma em que especialistas no assunto descreveriam hoje em dia como impossível.
Originariamente, em aramaico e hebraico, era escrito e lido horizontalmente, da direita para esquerda יה-וה; ou seja, HVHY. Formado por quatro consoantes hebraicas —
As letras da direita para esquerda segundo o alfabeto hebraico são:
O tetragrama aparece 6.828 vezes — sozinho ou em conjunção com outro “nome” — no texto hebraico do Antigo Testamento, a indicar, pois, tratar-se de nome muito conhecido e que dispensava a presença de sinais vocálicos auxiliares (as vogais intercalares).
Os nomes YaHVeH (vertido em português para Javé), ou YeHoVaH (vertido em português para Jeová), são transliterações possíveis nas línguas portuguesas e espanholas, mas alguns eruditos preferem o uso mais primitivo do nome das quatro consoantes YHVH; já outros eruditos favorecem o nome Javé (Yahvéh ou JaHWeH). Ainda alguns destes estudiosos concordam que a pronúncia Jeová (YeHoVaH ou JeHoVáH), seja correcta, sendo esta última a pronúncia mais popular do Nome de Deus em vários idiomas.
A antiguidade e legitimidade do Tetragrama como O Nome de Deus para os judeus pode ser comprovada na conceituada tradução para o grego da Bíblia Hebraica, chamada Septuaginta Grega, onde o Tetragrama aparece escrito emhebraico arcaico ou páleo-hebraico. Foram encontrados fragmentos de cópias primitivas da LXX (Papiro LXX Lev. b, Caverna n.º 4 de Qumran, datado como sendo do Século I a.C.) onde o Tetragrama YHWH’ é representado em letras gregas (Levítico 3:12; 4:27).
Estudos revelam que apenas em cópias posteriores da
Outros conceitos sobre o Deus YHWH
Outros estudiosos encaram YHWH como um Deus da natureza adorado no Sul de Canaã e pelos nômades dos desertos circundantes, intimamente ligado ao Monte Horebe, na Península do Sinai. Segundo o livro bíblico de Gênesis, foi o Deus YHWH que se revelou ao semita Abrão (depois chamado de Abraão) em Ur, na Baixa Mesopotâmia. Historicamente, surge aqui o princípio do monoteísmo hebraico no interior de uma sociedade fortemente politeísta.
O Deus YHWH é deste modo identificado como a Divindade que causou o Dilúvio Bíblico. É o Deus de Adão, de Abel, de Enoque e de Noé. É o Criador do Universo e de todas as formas de vida na Terra. É também chamado porAdonai (Soberano Senhor), Elohim (Deus, e não deuses, visto que trata-se de plural majestático[1] e cristãos têm afirmado que a forma plural teria o sentido de plural majestático[2]), HaAdón (o [Verdadeiro] Senhor), Elyón (Deus Altíssimo) e El-Shadai (Deus Todo-poderoso).
Assim, o Deus YHWH se assume como um Deus familiar, o “Deus de Abraão, de Isaque e Jacó”, protector da linhagem do “descendente” [ou "semente"] de Abraão. De seguida, torna-se no Deus das 12 tribos de Israel. É o Deus Libertador do povo de Israel da escravidão no Egipto e quem o faz conquistar a terra de Canaã. Para tal, revela-se a Moisés, a quem entrega seus Dez Mandamentos no monte Sinai. Para sua adoração e cumprimento de sua Lei, são constituídos sacerdotes os da tribo de Levi, ou Levitas, sob a liderança do Sumo Sacerdote, da linhagem de Aarão.
Com o estabelecimento da Monarquia do Antigo Israel, e mesmo após a divisão do Reino, emerge o papel dos profetas do Antigo Testamento como porta-vozes especiais do Deus YHWH. Tornam-se desse modo figuras-chave na vida religiosa, com uma autoridade única. Também consolidam a ideia da vinda do Messias como o “Ungido” de YHWH, descendente da Tribo de Judá e da Casa Real de David.
Temerosos em transgredir a Lei de Deus
Para alguns estudiosos da literatura judaica, o nome do Eterno era impronunciável, e segundo a explicação científica dos judeus, passaram a não pronunciar o nome do Eterno Todo Poderoso porque sentiam-se temerosos em transgredir o terceiro mandamento do Eterno no Decálogo:
“Não tomarás o nome de YHWH, teu Deus, em vão, pois YHWH não considerará impune aquele que tomar seu nome em vão.” Êxodo 20:7
Assim, em determinado período, surgiu entre os judeus uma ideia supersticiosa, de que era errado até mesmo pronunciar o Tetragrama YHWH. Não se sabe exatamente em que se baseou a descontinuidade do uso deste nome. Alguns sustentam que o nome era considerado sagrado demais para ser proferido por lábios imperfeitos. Mas uma pesquisa no Velho Testamento não revela nenhuma evidência de que quaisquer dos adoradores de YHWH alguma vez hesitassem em proferir o nome Dele.
Documentos hebraicos não-bíblicos, tais como as chamadas Cartas de Laquis (escritas em fragmentos de cerâmica encontradas em Tell ed-Duweir em 1935 e outras três em 1938), mostram que YHWH era usado na correspondência comum na Palestina na última parte do Século VII A.C. Em todas as cartas legíveis se encontram expressões como:
Outro conceito sustenta que se pretendia impedir que povos não-judeus (gentios) conhecessem O Nome e possivelmente o usassem mal. Todavia, o antigo Testamento afirma que o próprio YHWH faria com que Seu nome “fosse declarado em toda a Terra”, para ser conhecido até mesmo pelos seus adversários. (Êxodo 9:16; Isaías 64:2;
Já outros não-judeus (gentios) que desejem se agregar à crença à YHWH são orientados (pelo Judaísmo) de maneira bem diferente quanto ao trato com o nome do Deus YHWH (“Lei de Noé” Nº01: “Não cometer idolatria”), o que é interpretado principalmente como preservar o nome YHWH, assim como explicam, não tomando o nome em ocasiões ou cultos vãos [2].
A origem da superstição
Não existem certezas do(s) motivo(s) originalmente apresentado(s) para se descontinuar a pronúncia correcta do Tetragrama YHWH, assim como também há muita incerteza quanto à época em que tal conceito supersticioso se iniciou. Alguns afirmam que começou após o Exílio Babilónico. Mas o profeta Malaquias foi um dos últimos escritores do Velho Testamento na última metade do Século V a.C., e dá grande destaque ao Nome Divino.
Outras obras de referência sugerem que O Nome deixou de ser usado por volta de 300 a.C.. Evidência para esta data foi supostamente encontrada na ausência do Tetragrama (ou de uma transliteração dele) na tradução Septuaginta Grega, iniciada por volta de 280 a.C.. É verdade que as cópias mais completas dos manuscritos da Septuaginta Grega agora conhecidas seguem uniformemente o costume de substituir o Tetragrama YHWH por expressões substitutas. No entanto, estes manuscritos principais remontam apenas ao Século IV e ao século V. Descobriram-se recentemente cópias mais antigas da Septuaginta Grega que continham o Tetragrama YHWH, embora em forma fragmentária.
Uma delas, descoberta no Egipto, são os restos fragmentários dum rolo de papiro da LXX com uma parte de Deuteronómio (32:3,6) identificado como Papiro Fouad Inventário n.° 266. Apresenta 49 vezes o Tetragrama YHWH, escrito em caracteres hebraicos quadrados, em cada ocorrência no texto hebraico traduzido. Registram-se mais três ocorrências de YHWH em fragmentos não identificados (116, 117 e 123). Os peritos datam este papiro como do Século I a.C. , e neste caso, foram escritos quatro ou cinco séculos antes dos manuscritos já mencionados.
Comentando que os fragmentos mais antigos da Septuaginta Grega realmente contêm YHWH, o Dr. P. Kahle diz:
Assim, pelo menos em forma escrita, não existe evidência sólida de qualquer desaparecimento ou abandono da pronúncia do Tetragrama YHWH no período a.C..
No Século I, surge pela primeira vez alguma evidência duma atitude supersticiosa para com esse nome. Flávio Josefo, historiador judeu que descendia duma família sacerdotal, após narrar a revelação que Deus forneceu a Moisés no local do espinheiro ardente, ao falar sobre pronúncia do Nome de Deus do Tetragrama YHWH menciona apenas:
Esta mudança ocorreu nas traduções gregas da Septuaginta nos séculos que se seguiram à morte de “Jesus Cristo” (Yeshua) e de seus apóstolos. Na versão grega de Áquila, que data do século II d.C., e na Hexapla de Orígenes, que data por volta de 245,YHWH ainda aparecia em caracteres hebraicos.[7]
Ainda no Século IV, Jerônimo de Strídon, perito bíblico e tradutor da Vulgata Latina, diz no seu prólogo dos livros bíblicos de Samuel e de Reis:
A pronúncia do Tetragrama YHWH
Na segunda metade do primeiro milénio na nossa era, os escribas conhecido por massoretas introduziram um sistema de sinais vocálicos para facilitar a leitura do texto consonantal em hebraico que poderia conduzir a inúmeros significados e em vez de inserir os sinais vocálicos correctos de YHWH, colocaram outros sinais vocálicos para lembrar ao leitor que ele devia dizer Adhonai (“Soberano Senhor”) ou Elohím (“Deus”).[9]
O Códice de Leningrado, do Século XI, tem no Tetragrama YHWH, sinais vocálicos para orar a Yehvíh, Yehváh e Yehováh. A edição de Ginsburg do texto massorético tem sinais vocálicos para que ore a Yehováh. (Gênesis 3:14) Os hebraístas em geral são a favor de Yahvéh como a pronúncia mais provável. Salientam que a forma abreviada do nome é Yah (ou Jah, na forma latinizada), como no Salmo 89:8 e na expressão HaleluYah (que significa “Louvai a Jah!”; em português, é vertida por Aleluia). Também as formas Yehóh, Yoh, Yah e Yahu, encontradas na grafia hebraica dos nomes Jeosafá, Josafá, Sefatias e outros, podem todas ser derivadas de Yahwéh. As transliterações gregas feitas pelos primitivos escritores cristãos indicam uma direcção algo similar. Ainda assim, de modo algum há unanimidade sobre o assunto entre os peritos.
A posição actual das Testemunhas de Jeová sobre este ponto resume-se ao seguinte: Visto que, actualmente, não se pode ter certeza absoluta da pronúncia do nome de Deus, parece não haver nenhum motivo para abandonar a forma bem conhecida, Jeová (em português), em favor de Javé ou outra forma hipotética. Se tal mudança fosse feita, então, a bem da coerência, deviam ser feitas alterações na grafia e na pronúncia de uma infinidade de outros nomes encontrados na Bíblia. Por exemplo, no caso de Jeová ser alterado para Javé, Jeremias seria mudado para Yir.meyáh, Isaías se tornaria Yesha.yá.hu, e Jesus seria pronunciado Yehoh.shú.a em
Significado
O significado exato do Tetragrama YHVH ainda é objeto de controvérsia entre os especialistas. Em Êxodo 3:14, YHVH disse a Moisés: “Ehiéh ashér ehiéh.” Segundo muitas traduções da Bíblia, esta expressão, encontrada no texto hebraico significa: “Serei o que Serei.” – Almeida Revista e Atualizada. E assim também compreenderam os tradutores da Versão dos Setenta: “Ego eimi ho ôn”. Disse Deus a Moisés: “Eu sou Aquele que é”. Disse mais: “Assim dirás aos filhos de Israel: ‘EU SEREI me enviou até vós.’ “ - Bíblia de Jerusalém.
Esta expressão “Eu sou o que sou” é usada como título para Deus, para indicar que ele realmente existia. Isso corresponde a “Eu sou aquele que é”, “Eu sou o existente”. YHVH estaria assim confirmando sua própria existência.
Outras traduções vertem: Serei o que eu for. A Tradução dos Vinte e Quatro Livros das Escrituras Sagradas, em inglês, do Rabino Isaac Leeser, verte como segue: “E Deus disse a Moisés: Serei o que eu for: e ele disse: Assim dirás aos filhos de Israel: SEREI enviou-me a vós. - [10]
A Bíblia Enfatizada, de Joseph Bryant Rotherham, em inglês, verte Êxodo 3:14 como segue: “E Deus disse a Moisés: Tornar-me-ei aquilo que me agradar. E ele disse: Assim dirás aos filhos de Israel: Tornar-me-ei enviou-me a vós.” A nota ao pé da página, sobre este versículo, diz em parte: “Hayah [palavra vertida acima ‘tornar-se’] não significa ‘ser’ essencial ou ontologicamente, mas fenomenalmente. . . . O que ele será não é expresso — Ele estará com eles, ajudador, fortalecedor, libertador.” De modo que esta referência não é à auto-existência de Deus, mas, antes, ao que ele pensa tornar-se para com os outros. - [11] Ou: Mostrarei ser o que eu mostrar ser. - Tradução do Novo Mundo das Escrituras Sagradas.
Para estes estudiosos, isto significa que YHVH podia adaptar-se às circunstâncias, e que, o que quer que ele precisasse tornar-se ou mostrar ser em harmonia com seu propósito, ele podia tornar-se e se tornaria ou mostraria ser. Explicam que o verbo hebraico ha•yáh, do qual deriva a palavra Eh•yéh, não significa simplesmente “ser”. Antes, significa “vir a ser; tornar-se”, ou “mostrar ser”. Entendem que segundo a raiz do Tetragrama na língua hebraica, o Tetragrama pode significar “Ele Causa que Venha a Ser ou Mostrar Ser”, quer dizer, com respeito a Si mesmo e com respeito ao que Ele se tornará ou mostrará ser, e não com respeito a criar coisas. Para estes tradutores, Deus não estaria apenas confirmando sua própria existência, mas ensinando o que esse nome implica. YHVH ‘mostraria ser’, faria com que ele mesmo se tornasse o que quer que fosse preciso para cumprir as suas promessas.
A nota ao pé da página sobre Êxodo 3:14 de “O Pentateuco e as Haftorás”, texto hebraico com tradução e explanação em inglês, editado pelo Dr. J. H. Hertz comenta: “A maioria dos modernos segue Rashi em verter ‘Serei o que eu for’; ou, nenhumas palavras podem resumir tudo o que Ele será para o Seu povo, mas a Sua fidelidade eterna e sua misericórdia imutável manifestar-se-ão cada vez mais na orientação de Israel. A resposta que Moisés recebe nestas palavras, portanto, é equivalente a: ‘Salvarei do modo em que eu salvar.’ É para assegurar aos israelitas o fato da libertação, mas não revela a maneira.” — [12]
Entende-se que este nome sagrado, na realidade, é um verbo, a forma causativa, indefinida, do verbo hebraico hawáh. Assim, segundo estes estudiosos, o Tetragrama YHVH significa “Ele Causa que Venha a Ser”. Mostre Ser ou:Mostrará Ser, incorporando em si mesmo um propósito. Assinala o Portador deste nome exclusivo como Aquele Que Tem um Propósito.
Assim, os eruditos não estão totalmente de acordo a respeito do significado do nome de Deus. Muitos traduzem a expressão encontrada no texto hebraico: Eu sou o que sou. Outros, depois de extensas pesquisas sobre o assunto, acreditam que o nome é uma forma do verbo hebraico hawáh (tornar-se, vir a ser), significando “Ele Causa que Venha a Ser”.
Frequência nos escritos originais
Muitos eruditos e tradutores da Bíblia defendem que se siga a tradição de eliminar o nome de Deus. Alegam que a incerteza a respeito da pronúncia do Tetragrama YHWH justifica a eliminação, e também sustentam que a supremacia e a existência ímpar do Verdadeiro Deus tornam desnecessário que Ele tenha um nome específico para se diferenciar dos “demais deuses”. Mas este conceito não encontra apoio na Bíblia, quer no Antigo Testamento, quer no Novo Testamento.
O Tetragrama YHWH ocorre 6.828 vezes no texto hebraico da
É digno de nota a importância atribuída aos nomes próprios entre os povos semíticos.
O Prof. George Thomas Manley indica:
Uso moderno
Algumas versões da Bíblia, transcrevem o Tetragrama como Yahweh, Yavéh ou Javé :
Outras versões da Bíblia, transcrevem o Tetragrama como Jeová:
Visto que a pronunciação original de יהוה é desconhecida, e visto que já por séculos o uso da tradução Jeová passou a ser amplamente divulgado e estabelecido entre muitos cristãos, tornando-se uma pronúncia familiar em muitos idiomas, vários grupos religiosos, mais notavelmente asTestemunhas de Jeová, continuam a usá-la, ainda que muitos outros grupos religiosos favoreçam a pronúncia Javé ou Yahvé, ou mesmo o titulo SENHOR.
Vaticano
Em uma carta datada de 29 de junho de 2008, o Vaticano emitiu uma nota oficial, orientando para que o nome Iavé deixe de ser utilizado no serviço litúrgico católico romano. A medida não afetaria significativamente a linguagem litúrgica, uma vez que o termo não consta das traduções oficiais dos missais romanos, mas implicaria na modificação de alguns hinários. O nome YHWH continuaria a ser utilizado na leitura do Lecionario e de Bíblias católicas romanas.[16][17].
Outros usos de YHWH
Sendo amplamente conhecido, durante séculos antes da era comum não havia dúvidas quanto à sua pronúncia, o que explica a ausência de um abjad - um sistema de escrita com símbolos das letras que representam as consoantes.
A tradição religiosa dos judeus, especialmente a sua tradição esotérica e mística, a cabala, considera o Nome de Deus tão sagrado quanto impronunciável. Não se sabe ao certo a origem de tal tradição, ou como ela se desenvolveu com o tempo. Crê-se que se tenha originado no alegado receio de desobedecer o 3º dos Dez Mandamentos, ou Decálogo, dados a Moisés. “Não pronunciarás em falso o nome de Yeová [YHWH] teu Deus, porque Yeová [YHWH] não deixará impune aquele que pronunciar em falso o seu nome.” (Êxodo 20:7, BJ - A proibição seria sobre o mau uso do Nome Divino, não sobre o seu uso.)
De qualquer maneira, os judeus em algum período pós-exílico, adotaram a palavra hebraica ‘Adho.nái (que significa “Soberano Senhor”) ao pronunciarem o Tetragrama Sagrado. Assim, YHWH recebeu sinais vocálicos – colocados por copistas judeus chamados massoretas - de forma que fosse pronunciado Adonai. Sendo assim, ficou reservado apenas aos copistas e sacerdotes a correcta pronúncia de YHWH codificada num sistema de sinais vocálicos.
A pronúncia Jeová, além de aparecer em algumas versões bíblicas, também é usada pelos maçons, e rosacruzes. As correntes ligadas ao Cristianismo Esotérico, tais como a Gnose e a Rosacruz, identificam esse Tetragrama como designação do Espírito Santo, e não do Deus-Pai.
[]Na Cabala judaica
Segundo a Cabala Judaica, a Torá teria sido revelada a Moisés no alto do Monte Sinai, e ele teria registrado de forma escrita aquilo que só poderia ser entendido directamente de Deus, garantindo assim que permaneça impronunciável. Afirmam uma eventual relação do Tetragrama com o nome de Adão (Yode) e Eva (Chavah) no Génesis, já que Yode-cHaVaH é exactamente YHWH, o Tetragrama Sagrado, dando a entender uma relação mais profunda ainda entre o “Senhor Deus” e sua obra.
Com o decorrer do tempo, os judeus adoptaram outras expressões substitutas para se referir ao Tetragrama Sagrado: “O Nome”, “O Bendito” ou “O Céu”.
Na Cabala, as palavras correspondem a valores que são calculados usando-se uma atribuição de valores às letras do alfabeto hebraico. Isto chama-se gematria. É considerado um dos mais importantes mecanismos de interpretação do texto bíblico usados pelos cabalistas e místicos judeus. Usando gematria, os cabalistas calculam o valor numérico do Tetragrama Sagrado como sendo 26 (Yode = 10, Hê = 5, Vau = 6, Hê = 5; 10 + 5 + 6 + 5 = 26 ), cujo número menor é 8 (2+6). Para os rabinos, o número 26 também é sagrado pois identifica-se com o Tetragrama YHWH. Os ocultistas interpretam o Tetragrama YHWH e outros símbolos cabalisticos como signos mágicos poderosos capazes de abrir as portas da consciência humana.
[]“Jeová” ou “Javé”?
Apesar da discussão sobre sua origem e significado, muitos afirmam que os sons vocálicos originais do Tetragrama YHWH jamais serão conhecidos [carece de fontes], estando perdida a pronúncia original. Tal posição tem levado a debates apaixonados sobre o assunto, tanto por parte de eruditos como de religiosos, o que têm produzido interessantes conclusões.
Alguns argumentam que se o nome de Deus fosse Jeová, não se falaria aleluia (Hallelu Yah), e sim aleluieo ou Hallelu Yeho - (“Glória a Yehowah“ Jeová). Mas Hallelu Yah - (Jah seja louvado”).
Esta controvérsia vem sendo travada por muitos anos. Atualmente, muitos eruditos parecem favorecer o nome “Javé” (ou “Iahweh”), de duas sílabas. Mesmo assim, o Hebraico ou Aramaico, não se usava vogais, era apenas composta por consoantes.
Mas, considerando alguns exemplos de nomes próprios encontrados na Bíblia, que incluem uma forma abreviada do nome de Deus na tradução Jeová, George Wesley Buchanan, professor emérito no Seminário Teológico de Wesley, Washington DC,Estados Unidos, afirma que esses nomes próprios podem fornecer indicação de como se pronunciava o nome de Deus.
George Wesley Buchanan explica:
Por exemplo, Jonatã aparece como (Yo•na•thán ou Yeho•na•thán) na Bíblia hebraica, significa “YHWH deu”. O nome do profeta Elias é ’E•li•yáh ou ’E•li•yá•hu. Segundo o Professor Buchanan, Eliassignifica: “Meu Deus é [YHWH].” Da mesma forma, o nome hebraico para Jeosafá (Yeho•sha•phát), significa “YHWH julgou”.
A pronúncia do Tetragrama com duas sílabas, como “Javé” (ou “Yahweh”), não permitiria a existência do som da vogal ‘O’ como parte do nome de Deus. Mas, nas dezenas de nomes bíblicos que incorporam o nome divino, o som desta vogal do meio aparece tanto nas formas originais como nas abreviadas, como em Jeonatã e em Jonatã.
O Professor Buchanan[18] diz a respeito do Nome Divino:
Segue-se outra declaração feita pelo hebraísta Wilhelm Gesenius, no Dicionário Hebraico e Caldaico das Escrituras do Velho Testamento (em alemão):
Na introdução da tradução de (Os Cinco Livros de Moisés), Everett Fox afirma:
Os estudos eruditos continuarão. Os judeus deixaram de pronunciar o nome de Deus antes dos massoretas desenvolverem o sistema de pontos vocálicos. Não há como se provar quais vogais acompanhavam as consoantes YHWH (יהוה).
Ainda assim, os nomes próprios de personagens bíblicos fornecem indício da antiga pronúncia do nome de Deus. Assim, alguns eruditos concordam que a pronúncia “Jeová”, seja correcta.
A pronúncia original de יהוה é desconhecida, mas por séculos o uso da tradução Jeová[20], passou a ser amplamente divulgado e estabelecido entre muitos cristãos, tornando-se uma pronúnciafamiliar e popular em muitos idiomas. Assim, vários grupos religiosos, mais notavelmente as Testemunhas de Jeová, continuam a usá-la, ainda que muitos outros grupos religiosos favoreçam a pronúncia Javé ou Yahvéh, ou mesmo o titulo SENHOR. Segundo elas, os diversos nomes próprios existentes são muitas vezes pronunciados de maneiras diferentes da língua original, e assim como ocorre com o nome “Jesus”, transliterado do original Ye·shú·a‘ ou [vindo de Josué] Yeho·shú·a‘, não se deveria abandonar o uso do nome “Jeová” simplesmente por não se saber a pronúncia exata deste[21].
[]Transcrição em diferentes idiomas
wikipedia
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Há muitos personagens interessantes nas paginas evangélicas. Alguns nem ao menos sabemos os seus nomes – a mulher samaritana; a viúva de Naim; o Centurião romano; o paralitico de Betesda; outros seus nomes são mencionados – Nicodemos, Zaqueu, Marta, Maria; mas certamente um dos personagens mais enigmático sejaLázaro, irmão de Marta e Maria. Seu nome é citado em algumas passagens dos evangelhos e ele torna-se personagem importante em um dos milagres mais extraordinários, a sua ressurreição após três dias morto, realizado por Jesus já nos últimos dias do seu ministério. Entretanto, em nenhum momento das narrativas evangélicas ouvimos uma única palavra da boca de Lázaro – mas não é necessário, pois a sua própria vida é um manifesto do poder vivificador de Jesus e Seu Evangelho.
Lázaro e suas irmãs moravam num vilarejo chamado Betânia, bem próximo da cidade de Jerusalém. Talvez por ser um lugar tranqüilo e próximo da capital Jesus fazia de Betânia seu lugar preferido para descansar, depois dos dias de intensa agitação entre curas, ensino e embates com seus sempre ferrenhos adversários – e que aumentou ainda mais no transcorrer da última semana.
Os evangelistas não explicam por que Jesus escolheu a casa deLázaro e suas irmãs, mas em várias ocasiões vemos Ele se refugiando no aconchego desta pequena família. É provável que uma de suas irmãs, mais provavelmente Maria, tenha sido curada ou libertada pelo poder de Jesus, mas não podemos afirmar com plena certeza. Mas por razões muito pessoais, Jesus tinha enorme satisfação em permanecer na companhia deles.
Há uma frase no evangelho redigido por João (11.11) em que Jesus faz uma referência preciosa sobre o relacionamento deles: “Nossoamigo Lázaro adormeceu, mas vou até lá para acordá-lo”. Ao chamarLázaro de “amigo” Jesus o coloca em um grupo muito especifico de intimidade. É alguém por quem se nutre um sentimento forte e especial; alguém pelo qual se está disposto aos maiores sacrifícios; alguém pelo qual se dispõe a ir às últimas conseqüências. Jesus não tinha apenas discípulos, Ele também tinha amigos. Em meio a todas as pressões às quais Ele estava sujeito, não apenas por parte de seus inimigos, mas muitas vezes da própria multidão e até mesmo por parte de seus próprios discípulos – é na casa de Seu amigo Lázaro – que Jesus encontra um momento de tranqüilidade, para descansar e se reanimar, para continuar sua extraordinária obra da redenção dos pecadores.
Por razões que desconhecemos Lázaro ficou gravemente enfermo e suas irmãs imediatamente mandaram avisar Jesus. Ao receber a noticias da gravidade da enfermidade de seu amigo Jesus ainda permanece dois dias na região em que estava e somente depois se dirige à Betânia. Neste intervalo Lázaro morre e tem que ser sepultado. Quando Jesus chega seu amigo já está sepultado ao menos três dias. Aparentemente nada mais poderia ser feito e uma das irmãs declara que se Ele tivesse chegado antes seu irmão certamente não teria morrido.
Jesus dirige-se ao túmulo de seu amigo e as irmãs, os discípulos e provavelmente uma pequena multidão acompanham, alguns solidários com a dor produzida pela morte, outros curiosos e talvez até alguns críticos de plantão. Ao chegar diante da sepultura Jesus dá uma ordem completamente absurda e sem propósito – “Tirai a pedra!”. A própria irmã do morto expressa sua apreensão – “o corpo já esta em estado de decomposição”. Mas diante da ordem enfática de Jesus a pedra que demarcava o território dominado pela morte é tirada.
Então Jesus emite outra ordem, ainda mais descabida – “Lázaro, sai para fora” - ainda que atônitos com tal ordem, todos imediatamente olharam para a entrada do túmulo. Os segundos tornam-se uma eternidade; a respiração de todos fica como que suspensa, os batimentos cardíacos aceleram – então Lázaro começa se mexer, ainda que totalmente envolto pelos tecidos finos e tiras com que o tinham sepultado. Ninguém conseguia se mexer ou falar uma única palavra que seja. Cabe a Jesus romper o silêncio – “Libertem ele das ataduras e o deixem ir” para casa. Então se ouve uma explosão de exclamações de admiração e à porta de um túmulo celebra-se a vida!
Poucos minutos depois, Lázaro esta em sua casa, na companhia de suas irmãs e de seu precioso e incomparável amigo Jesus. A notícia deste milagre espalha-se rapidamente por toda Jerusalém e Judéia. A morte foi vencida! A morte foi vencida!
Mas o que somente Jesus sabia, é que a morte e ressurreição deLázaro, apenas prefaciava a Sua própria morte e ressurreição, que aconteceria não muitos dias depois, não em Betânia, mas na própria cidade de Jerusalém. E que somente depois de Sua morte e ressurreição é que a morte seria totalmente esvaziada de toda e qualquer poder. Ela que desde o rompimento da raça humana com Deus havia assumido seu domínio sobre cada ser humano que nascia, agora estava prestes a ser destronada. Através de Sua morte e ressurreição Jesus arrancaria definitivamente o aguilhão venenoso da morte – se o pecado permitiu o reinado da morte, Jesus trouxe a ressurreição e a vida!
Alguns anos depois do glorioso dia que marcou a morte e ressurreição de Jesus, o apóstolo Paulo transcreve um cântico de vitória que era entoado por todos os crentes de seus dias e continua sendo cantado por todos os crentes ainda hoje e continuará sendo cantado na eternidade:
A morte foi destruída pela vitória.
Onde está, ó morte, a sua vitória?
Onde está, ó morte, o seu aguilhão?
Meu querido leitor, o que Jesus é para você? Um completo estranho; um personagem histórico, um mito religioso ... ou um Amigo? Para Lázaro Ele foi o mais precioso Amigo, foi o seuSenhor e Salvador; foi Aquele que não apenas o ressucitou de entre os mortos mas que também lhe deu a Vida Eterna!
Rev. Ivan Pereira Guedes